Homem Só, Meu Irmão***










Tu, a quem a vida pouco deu,

que deste o nada que foi teu

em gestos desmedidos...


Tu, a quem ninguém estendeu a mão

e mendigas o pão dos teus sentidos,

homem só, meu irmão!


Tu, que andas em busca da verdade

e só encontras falsidade

em cada sentimento,

inventa, inventa amigo uma canção

que dure para além deste momento,

homem só, meu irmão!


Tu, que nesta vida te perdeste

e nunca a mitos te vendeste

– dura solidão –,

faz dessa solidão teu chão sagrado,

agarra bem teu leme ou teu arado,

homem só, meu irmão!



Intérprete: Luiz Goes

in LP Canções do Mar e da Vida, Columbia/VC, 1969

Letra e música: Luiz Goes



*** Cortesia de Álvaro José Ferreira, [Amigos do Lugar ao Sul], Pérolas da Música Portuguesa votadas ao ostracismo (12)